Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa... é o segundo álbum de estúdio do rapper brasileiro Emicida, lançado em 7 de agosto de 2015 pela gravadora Laboratório Fantasma.
Em Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…, o rapper mantém sua essência ácida, alimentada com o pensamento ágil que treinou nas rinhas de MCs da estação de metrô Santa Cruz, em São Paulo. Lá, ocorrem batalhas entre os Mestres de Cerimônias, nome dado aos artistas da cultura hip hop que têm material próprio, que criam versos na hora para zombar os adversários. Mas Emicida é MC, rapper e muito mais. Ele também mostra extensa bagagem cultural com letras que mencionam diferentes temas, como filmes, séries de TV e quadrinhos, e vai além do rap. A primeira faixa, Mãe, é uma ode a Dona Jacira, e a letra da canção contém traços autobiográficos: “Profundo ver o peso do mundo nas costas de uma mulher / Alexandre no presídio / Eu pensando no suicídio”. Na seguinte, 8, DJ Nyack, parceiro de longa data, mescla batidas próprias com trechos de Negro Drama, dos Racionais MC’s, e Emicida mostra sua capacidade de compor letras inteligentes, que fazem referências ao Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, à série Fringe e até a Raphael Draccon, autor brasileiro da trilogia Dragões de Éter: “Cicatriz, Doctor Doom, gibi/ Criei meu mundo tipo Raphael Draccon e sumi”. Depois, Casa critica o ambiente urbano amedrontador de São Paulo, comparado por Emicida ao universo de Jogos Vorazes, enquanto o som de um berimbau se mistura com as batidas graves de Nyack. O samba se mostra presente na sexta música do disco, Mufete, que é sucedida pela MPB romântica de Baiana, em que Caetano Veloso participa discretamente ao recitar alguns trechos. O reggae dá o tom em Passarinhos, que Emicida canta com Vanessa da Mata. A faixa é forte candidata a hit deste ano. Já em Boa Esperança, a melhor do CD, o rapper rima sobre racismo em cima de batidas criadas pelo produtor Nave. “Negreiros a retraficar / Favela ainda é senzala jão”, cutuca o músico. Em Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…, Emicida faz críticas sociais. Mas não só. É um disco completo.
FAIXAS:
1. "Mãe" (Part. Dona Jacira e Anna Tréa)
2. "8"
3. "Casa"
4. "Amoras"
5. "Mufete"
7. "Passarinhos" (Part. Vanessa da Mata)
8. "Sodade"
9. "Chapa"
10. "Boa Esperança" (Part. J. Ghetto)
11. "Trabalhadores do Brasil" (Part. Marcelino Freire)
12. "Mandume" (Part. Drik Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzike e Raphao Alaafin)
13. "Madagascar"
14. "Salve Black (Estilo Livre)"
EMICIDA - BOA ESPERANÇA